Esta parábola é registrada nos evangelhos sinóticos de Jesus, elas aparecem em Mateus 5:13, Marcos 9:50 e também em Lucas 14:34-35. Iremos ler o que está escrito em Mateus 5:13:
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Esta parábola dita por Jesus e escrita por Mateus, foi parte do sermão da montanha ministrado por Jesus, se lermos as demais passagens, podemos perceber que Jesus ensinou a mesma parábola várias vezes em ocasiões diferentes e provavelmente para públicos diferentes, pois Marcos e Lucas, a registraram em pontos e narrativas diferentes a registrada por Mateus. Em Marcos, ela é registrada logo após o questionamento entre os discípulos, a respeito de quem seria o maior entre eles, isso está lá em Marcos capítulo 9 e versículos 33 ao 37. Em Lucas, esta parábola é registrada logo após a menção da parábola da torre e do rei, ou seja, podemos perceber que foi em momentos totalmente diferentes.
O sal naquela época tinha praticamente a mesma atuação que tem hoje, conservar e temperar os alimentos. O sal pode ser visto por nosso olho, mas nós não podemos vê-lo agindo nos alimentos, só podemos senti-lo após colocar o alimento em nossa boca. Nos tempos antigos, antes da criação dos aparelhos de refrigeração, o sal era usado como conservante dos alimentos. Na época de Jesus, os peixes que vinham do Mar da Galileia para Jerusalém, eram salgados para poderem conseguir chegar até seu destino, pois, Jerusalém ficava a cerca de 160 quilômetros de distância do mar. Mas este costume de salgar alimentos para conserva-lo, ainda é utilizado até os dias de hoje, naquelas regiões mais pobres onde a população não tem acesso à energia e a aparelhos de refrigeração, é através do sal que essas pessoas conseguem manter seus alimentos conservados sem estragar, principalmente a carne.
Com essa parábola, Jesus estava ensinando seus discípulos, que eles precisariam influenciar, “dar o sabor ao mundo” e também retardar o apodrecimento moral e ético da sociedade onde eles estariam inseridos. Através desta parábola, podemos perceber que o mundo não está moralmente pior, por que a igreja de Cristo ainda está aqui, preservando os princípios e fundamentos que jamais devem ser perdidos, pois, esta é a principal característica do sal, transformar completamente o ambiente onde ele é colocado.
Talvez você possa estar se perguntando agora, é possível o sal não ter sabor? A verdade é que o nosso sal refinado de hoje, não perde o sabor, mas o sal que era retirado do mar morto naqueles tempos, perdia seu sabor devido à grande quantidade de minerais presentes na superfície, se não fosse tratado e retirado, esses minerais contaminavam e absorviam toda a salinidade daquele sal. A respeito disso, me lembro que eu estava em um culto de ensino e o obreiro que estava ensinando, estava falando a respeito desta parábola, ele disse que todas as irmãs sabem que se o sal for insipido, ele não presta mais para salgar, mas perguntei para minha mãe o que significava isso, mas ela não sabia, esse obreiro não explicou corretamente o significado de o sal ser insípido, então, naquele culto eu sai sem entender o verdadeiro significado desta parábola, mas com o passar dos tempos, consegui aprender o que realmente era um sal insípido e esse sal nada mais é que um sal comum, com aparência de sal, porém, sem sabor. Com isso meu amado irmão, podemos colocar o povo de Deus como o sal, assim como o sal do mar morto perdia seu sabor se não passasse pelo tratamento, assim também é o povo de Deus que não recebe o tratamento feito por Jesus, pois todo aquele que recebe a Jesus e seu tratamento, se torna como o sal de hoje, jamais perde seu sabor, ou seja, jamais perde sua essência. Não sei se você já parou para pensar que todo aquele que recebe a Jesus verdadeiramente em seu coração, jamais perde seu caráter, mesmo que ele se desvie ao longo da vida, ele sempre se lembra dos mandamentos e dos ensinos de Jesus, e se ele se deparar com uma situação que fere os princípios de Jesus, mesmo que essa pessoa esteja desviada, ela não irá concordar com aquilo, pois o sal quando recebe o tratamento, onde ele estiver ele continua sendo sal, seja ele seco ou dissolvido na água, ele sempre vai mostrar seu verdadeiro sabor. É também visto, que muitas destas pessoas que receberam a Jesus verdadeiramente, que por algum motivo se desviaram, elas sempre querem voltar, pois jamais perdem o ensinamento de Jesus. Gostaria de dizer a você, se por algum motivo você se afastou de Jesus e sente aquele desejo de voltar para a presença dele, não perca tempo, volte hoje mesmo, pois todo o caráter de Jesus ficou em você, e você jamais perderá ele, pois, o tratamento feito por Jesus, jamais é possível de ser desfeito. Uma outra coisa que precisamos saber, é que o sal para conseguir combater o apodrecimento dos alimentos, ele não poderia ser deteriorado, se misturarmos o sal com outro tipo de material, ele não consegue mais preservar, isso acontece com aquela pessoa que deixa o pecado entrar de forma desenfreada em sua vida, com isso, ele já não consegue mais transformar a sociedade onde ele está, mas a sociedade e o pecado que o transformou. Na parábola escrita por Mateus, percebemos que ele foi o único dos escritores dos evangelhos sinóticos que havia sido discípulo de Jesus, ou seja, ele presenciou quando isso foi dito por Jesus, e com isso, percebemos que o mestre queria dizer aos seus discípulos que eles deveriam ser o sal da terra.
Diante de tudo que foi dito até agora, percebemos que o valor do sal está ligado totalmente ao seu sabor, isso significa que se o seguidor de Jesus, perder as características de um fiel cristão, ele também acabará com sua utilidade no cumprimento de sua missão como cristão. Ser lançado fora e pisado pelos homens, quer dizer que a menos que os discípulos cumprissem sua missão no mundo, eles corriam o risco de perder a sua utilidade e consequentemente a sua capacidade de influenciar a sociedade onde vive. Quando é mencionado que seria pisado pelos homens, pode ser que Jesus se referia a esterilidade que ocorria no solo quando era lançado sal naquela área. Nos tempos antigos, não existia pavimentação asfáltica que conhecemos hoje, as pavimentações eram feitas com pedras e entre as pedras, poderiam nascer algumas plantas e para que isso não acontecesse, lançava-se sal entre elas. Com esse ensino, percebemos que quando um cristão perde o seu “sabor”, ele desce de preservador para material de pavimentação de estradas, uma péssima decadência.
Ainda temos uma aplicação interessante a respeito do sal, o sal não é o alimento, ele apenas é usado para realçar o sabor de outros alimentos, desta forma, nós não somos o alimento, o alimento é Jesus, e nossa função é apenas colocá-lo em destaque. A falta de sal e também seu excesso, compromete totalmente o sabor e a reputação de um determinado alimento. Imaginemos aqui uma carne para churrasco, se a pessoa que fez o tempero não souber temperar corretamente aquela carne, ela provavelmente questionará aquela carne, caso ainda não a conhecesse. Isso acontece conosco também, se uma pessoa que não conhece a Jesus e vier a conhecer um cristão e essa pessoa não for moderada, ela provavelmente questionará se servir a Jesus é realmente bom, pois nossa missão é apresentar corretamente a vida e o caráter de Cristo em nós, se formos excessivos, poderemos comprometer a visão que as pessoas terão do evangelho devido nossas atitudes. Uma outra colocação interessante que podemos usar é que o sal provoca sede nas pessoas, assim também, um fiel cristão deve produzir sede por Jesus no mundo em que vive, para que as pessoas possam ter interesse em beber dessa água, a água da vida que é Jesus.